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O Prefeito de Buíque, Túlio Monteiro, assinou no último dia 24 de setembro o Decreto Municipal Nº 43, que prevê medidas de contingenciamento e corte de gastos na administração pública do município do agreste pernambucano para manter os serviços essenciais em funcionamento. Segundo o documento, ao qual o Podcast Cafezinho com William Lourenço teve acesso, alguns dos motivos que levaram o chefe do Executivo buiquense a tomar tal atitude foram: a queda na arrecadação municipal de tributos, as recomendações do Tribunal de Contas do Estado de Pernambuco sobre as despesas de pessoal (sobretudo da folha salarial dos contratados) e os acordos judiciais e extrajudiciais que a Prefeitura precisou firmar nos primeiros meses de 2025.
Esta é a terceira vez, desde 2023, que a Prefeitura de Buíque apela a um decreto de corte de gastos para tentar resolver sua situação financeira e fiscal. Os decretos anteriores haviam sido assinados por Arquimedes Valença: o primeiro em janeiro, que cancelou o Carnaval daquele ano e provocou indignação na população (que seus secretários municipais não cumpriram) e o segundo em novembro, com praticamente a mesma redação.
A Secretaria de Finanças, hoje chefiada por Thácia Valeriano (esposa do prefeito), ficará responsável por acompanhar o cumprimento das medidas impostas pelo decreto municipal dentro da administração pública. O artigo 10 do Decreto Nº 43 elenca uma exceção para os gastos que poderão ser feitos pela Prefeitura de Buíque neste período, além dos considerados essenciais:
"Questões emergenciais, devidamente justificadas, e pleitos que digam respeito a obras de mobilidade urbana e manutenção de serviços públicos essenciais terão tratamento especial e poderão ser autorizadas ou mantidas mediante consentimento do Exmo. Sr. Prefeito."
Desde que assumiu a Prefeitura, em janeiro deste ano, Túlio Monteiro tem lidado com diversos desafios financeiros e administrativos de Buíque: em especial, aqueles deixados por Arquimedes Valença, de quem Túlio foi seu vice entre os anos de 2021 e 2024. O bloqueio de valores em contas da Prefeitura para o pagamento dos chamados precatórios em julho foi um fator que acabou pegando a atual gestão de surpresa: só aqui, o município precisou desembolsar mais de R$ 1,7 milhão que Arquimedes não pagou enquanto prefeito e que admitiu não ter pago, mesmo sendo obrigatório.
Os dados disponibilizados ao portal Tome Conta, do TCE, mostram que até 31 de agosto, o município de Buíque contava com uma receita de mais de R$ 152,4 milhões e previsão de arrecadar R$ 227,4 milhões até o fim deste ano. No ano passado, tais receitas fecharam na casa dos R$ 246 milhões: maior arrecadação da série histórica.
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Fonte: Tome Conta/ TCE-PE |
Contudo, as despesas neste mesmo período da Prefeitura, Câmara de Vereadores (que depende de um repasse feito pela Prefeitura chamado duodécimo) e do Fundo de Previdência Social (atual BuíquePrev, do qual a Prefeitura também tem de fazer repasses financeiros) resultaram num montante de mais de R$ 156,1 milhões. Os vencimentos dos servidores ativos (R$ 38,8 milhões), os serviços de terceiros- Pessoa Jurídica como locação de imóveis e pagamento de festividades, dentre outros (R$ 28,8 milhões), as aposentadorias dos servidores municipais (R$ 19 milhões), as contratações por tempo determinado (R$ 15,5 milhões) e as obrigações patronais (R$ 13,4 milhões) foram as maiores despesas liquidadas registradas neste período.
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Fonte: Tome Conta/ TCE-PE |
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