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Em comparação com primeiro levantamento do IPS, feito no ano passado, município do agreste pernambucano subiu duas posições no ranking estadual, mas ficou na 172ª posição, e caiu vinte e duas posições no ranking nacional. Ferramenta de gestão territorial baseada em dados públicos identifica e apresenta, em uma mesma escala, se as pessoas têm o que precisam para prosperar em determinada localidade (Foto: Reprodução/ IPS Brasil) |
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O que é o IPS Brasil
O IPS Brasil (Índice de Progresso Social) é uma colaboração entre o Instituto do Homem e do Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), Fundação Avina, Centro de Empreendedorismo da Amazônia, iniciativa Amazônia 2030, Anattá - Pesquisa e Desenvolvimento, e o Social Progress Imperative. O IPS Brasil também recebeu apoio de especialistas em diversas áreas que orientaram na construção de um framework de indicadores para o cálculo do índice para o país. Esta é uma ferramenta de gestão territorial baseada em dados públicos, que identifica e apresenta, em uma mesma escala, se as pessoas têm o que precisam para prosperar, desde necessidades básicas como abrigo, alimentação e segurança, até se possuem acesso à informação e comunicação, e se são tratadas igualmente, independentemente de gênero, raça ou orientação.
Sua primeira edição foi feita no ano passado e, em abril deste ano, o site do Podcast Cafezinho havia divulgado os dados referentes a Buíque (basta conferir na matéria em destaque acima). Em julho, foi divulgado o levantamento do IPS referente a 2025.
Ele é composto por 57 indicadores secundários de fontes públicas que são exclusivamente sociais, ambientais e que medem resultados, não investimentos. Essas variáveis foram agregadas em um índice geral, com nota de 0 a 100, e índices para 3 dimensões (Necessidades Humanas Básicas, Fundamentos do Bem-estar e Oportunidades) e 12 componentes (Nutrição e Cuidados Médicos Básicos, Água e Saneamento, Moradia, Segurança Pessoal, Acesso ao Conhecimento Básico, Acesso à Informação e Comunicação, Saúde e Bem-estar, Qualidade do Meio Ambiente, Direitos Individuais, Liberdades Individuais e de Escolha, Inclusão Social e Acesso à Educação Superior).
O IPS é constituído por três dimensões, sendo cada uma delas dividida em quatro componentes. As dimensões abrangidas pelo IPS são:
- Necessidades Humanas Básicas: Um país, Estado e ou município possui condições de garantir as necessidades humanas mais básicas para a sua população?
- Fundamentos do Bem-estar: Existem elementos vitais que garantam às pessoas e comunidades a chance de prover e manter o seu bem-estar?
- Oportunidades: Há na sociedade oportunidades para que todos os indivíduos possam atingir seu pleno potencial?
A primeira dimensão, Necessidades Humanas Básicas, avalia se um país e ou região tem condições de prover as necessidades essenciais de sua população. Essa dimensão mede se as pessoas têm comida suficiente, se estão recebendo cuidados médicos básicos, se possuem acesso à água potável, se têm acesso adequado à habitação com serviços básicos e se estão seguras e protegidas.
A segunda dimensão, Fundamentos do Bem-estar, mede se uma população possui acesso à educação básica de qualidade e à comunicação e se tem condições de viver com saúde, bem-estar e qualidade de vida. Essa dimensão também avalia se a sociedade consegue viver de forma ambientalmente sustentável e se está garantindo a existência dos recursos naturais (floresta, água) para as gerações futuras.
A terceira dimensão, Oportunidades, mede o grau em que uma sociedade é livre de restrições sobre os seus próprios direitos e os seus indivíduos são capazes de tomar suas próprias decisões e se existem preconceitos e hostilidades que impedem os indivíduos de atingirem pleno potencial.
Para calcular o IPS Brasil 2025, foram utilizados 57 indicadores, provenientes de fontes oficiais e de institutos de pesquisa, tais como o Ministério da Saúde, Ministério da Cidadania, Sistema Nacional de formações sobre o Saneamento (SNIS), Instituto Nacional de Estudos e pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), Conselho Nacional de Justiça (CNJ), Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Mapbiomas, Anatel, CadÚnico, entre outras.
O relatório mostra que apesar de avanços graduais, os desafios para garantir qualidade de vida à população brasileira permanecem grandes e desiguais no país. Pelo segundo ano consecutivo, o pequeno município de Gavião Peixoto, localizado no interior de São Paulo, recebeu a melhor classificação do Brasil com a nota de 73,26 em uma escala que vai de 0 a 100. A segunda colocação ficou com Gabriel Monteiro (SP) , seguido de Jundiaí (SP). Dos 10 municípios mais bem colocados, 7 são paulistas.
O IPS também avalia o desempenho médio dos estados brasileiros. São Paulo, Santa Catarina e Paraná foram os mais bem colocados. Na outra ponta, Pará, Maranhão e Amapá apresentaram os piores resultados, evidenciando as desigualdades estruturais e históricas da Amazônia Legal.
A edição 2025 traz uma atualização importante no seu conjunto de dados, pois foram incluídos novos indicadores que enriquecem o diagnóstico territorial: Consumo de Alimentos Ultraprocessados, Resposta ao Benefício Previdenciário, Resposta a Processos Familiares, Índice de Vulnerabilidade das Famílias e Famílias em Situação de Rua. Por este motivo, o IPS diz que alguns dados de 2024 e 2025 não são estritamente comparáveis, o que não impede necessariamente de se fazer um comparativo dos resultados gerais de um ano para outro, como faremos a seguir.
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Foto: Reprodução/ IPS Brasil |
Resultados de Buíque- IPS 2025
O município do agreste pernambucano continua sendo um dos mais difíceis para seus habitantes prosperarem no Brasil, mesmo apresentando um leve avanço na nota geral: em 2024, o IPS buiquense havia ficado em 52,27. Agora, a nota geral é 53,09 de 100 (considerado Relativamente Neutro). Com isso, Buíque subiu duas posições no ranking estadual, saindo da 174ª para a 172ª posição de um total de 184 municípios mais o Arquipélago de Fernando de Noronha.
Já a nível nacional, mesmo com o aumento na nota geral, Buíque caiu vinte e duas posições de um ano para outro: da 4.921ª para 4.943ª posição de um total de 5.568 municípios avaliados (junto com a capital federal, Brasília, e o Arquipélago de Fernando de Noronha).
O PIB per capita, resultado de tudo que é produzido no município dividido pelo total de habitantes, segue sendo um dos piores do Brasil: R$ 10.161,19 (dez mil, cento e sessenta e um reais e dezenove centavos), figurando na 4.988ª posição. Em comparação com o ano anterior, o PIB per capita de Buíque caiu R$ 454,06 (quatrocentos e cinquenta e quatro reais e seis centavos) e 36 posições no ranking nacional, quando ficou na 4.952ª posição.
Na dimensão Necessidades Humanas Básicas, Buíque está na 4.890ª posição no ranking nacional, com nota 63,96. Aqui, o município conseguiu subir 342 posições no ranking e aumentar 5,8 pontos na nota da dimensão, em comparação com o ano anterior. Quando analisamos cada um de seus componentes, esses são os resultados do município:
- Nutrição e Cuidados Médicos Básicos (2.743ª posição nacional com nota 75,13);
- Água e Saneamento (5.307ª posição nacional com nota 36,11);
- Moradia (4.458ª posição nacional com nota 81,41);
- Segurança Pessoal (3.354ª posição nacional com nota 63,19).
O índice de cobertura vacinal contra a poliomielite foi considerado relativamente forte e os de abastecimento de água via rede de distribuição e homicídios, relativamente fracos.
Na dimensão Fundamentos do Bem Estar, Buíque está na 3.351ª posição no ranking nacional, com nota 59,3. Aqui, o município conseguiu caiu 60 posições no ranking e diminuiu 2,54 pontos na nota da dimensão, em comparação com o ano anterior. Quando analisamos cada um de seus componentes, esses são os resultados do município:
- Acesso ao Conhecimento Básico (2.843ª posição nacional com nota 72,89);
- Acesso à Informação e Comunicação (4.459ª posição nacional com nota 50,43);
- Saúde e Bem Estar (2.046ª posição nacional com nota 57,68);
- Qualidade do Meio Ambiente (2.770ª posição nacional com nota 57,2).
Os índices de abandono no Ensino Médio e cobertura de internet móvel (4G/5G) foram considerados relativamente fortes.
Na dimensão Oportunidades, Buíque está na 5.118ª posição no ranking nacional, com nota 36,03. Aqui, o município conseguiu seu pior desempenho ao cair 1.164 posições no ranking e diminuir 0,78 ponto na nota de dimensão, em comparação com o ano anterior. Quando analisamos cada um de seus componentes, esses são os resultados do município:
- Direitos Individuais (2.423ª posição nacional com nota 20,08);
- Liberdades Individuais e de Escolha (4.334ª posição nacional com nota 47,93);
- Inclusão Social (4.073ª posição nacional com nota 54,41);
- Acesso à Educação Superior (4.836ª posição nacional com nota 21,69).
Os índices de taxa de congestionamento líquido de processos e nota mediana do Enem foram considerados relativamente fortes; enquanto os de resposta a processos previdenciários, famílias em situação de rua, paridade de negros na Câmara Municipal e violência contra mulheres foram considerados relativamente fracos.
Outros dados do IPS em Pernambuco
O Arquipélago de Fernando de Noronha obteve o melhor Índice de Progresso Social de Pernambuco em 2025 (70,02), seguido pelos municípios de Quixaba (64), Caruaru (63,83), Recife (63,33) e Petrolina (63,28).
Já os municípios com os piores índices de Pernambuco foram: Carnaubeira da Penha (48,82), Paranatama (50,39), Maraial (51,55), Bodocó (51,87) e Santa Filomena (51,92).
Buíque conseguiu obter um desempenho melhor que a Pedra (53,07), mas a nível estadual, foi ultrapassado no IPS por municípios como Águas Belas (54,15), Sertânia (54,81), Venturosa (55,71), Pesqueira (56,93), Tupanatinga (57,28), Itaíba (57,4) e Arcoverde (61,91). A cidade do Sertão, aliás, figura na 13ª posição estadual.
A nota média de Pernambuco foi de 59,56. Buíque ainda conseguiu ficar abaixo da média estadual.