OPINIÃO: FRAGMENTOS DE UM ADEUS (CRÔNICA)

A Coluna de Opinião deste sábado traz, desta vez, uma crônica para você refletir e se entreter (Foto de Shahid Sultan para Pexels)


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AVISO AOS LEITORES: ao contrário de nossas reportagens, a Coluna de Opinião traz, como o próprio nome já diz, a opinião de quem a escreve sobre fatos concretizados, não representando necessariamente um posicionamento oficial do Podcast Cafezinho com William Lourenço, enquanto veículo de imprensa (emitido somente por meio de nossos Comunicados Oficiais e Editoriais).

Por João Gabriel Silva


Prezados leitores.
Desta vez, minha coluna traz não um artigo, mas sim uma crônica de algumas reflexões. Espero que gostem.

E foi de repente. 
Nos despedimos e seguimos por ruas diferentes, com um sorriso meio forçado que escondia o peso do que não foi dito. 
Desejamos sucesso um ao outro, como quem recita uma fórmula pronta para não encarar a estranheza., mas algumas palavras, descobrimos tarde demais, têm lâminas invisíveis: não matam, só abrem velhas cicatrizes. 
E o tempo, cúmplice e carrasco, guarda lembranças e apaga presenças, num jogo que nunca sabemos quem ganha. 
Alguns afastamentos acontecem como batida de carro: bruscos, inesperados, deixando atrás de si perguntas que ninguém responde. E talvez esse seja o pior — perceber que não houve um grande motivo. 
Só cansaço, silêncio, pequenos desgastes que foram se acumulando. 
Nosso último abraço até pareceu apressado, como se o corpo soubesse antes da cabeça que aquele seria o derradeiro. O gosto que fica é agridoce.
Não houve briga, não houve ódio. Só a melancolia de um adeus que parecia provisório e acabou virando definitivo. 
Sobram as lembranças: as conversas madrugada adentro, os segredos ditos às pressas, o riso fácil diante de coisas pequenas. 
Mas, pensando bem, talvez houvesse mais monólogos que diálogos. Uma amizade que nasceu por acaso e, por acaso, encontrou o fim. Se haverá retorno? Difícil. 
Cada um carrega seus traumas, suas diferenças, e nem sempre os mapas voltam a se cruzar. Algumas despedidas não fecham a porta — deixam só uma fresta, por onde entra o vento que não traz ninguém. Estranho como a memória funciona. 
Guardamos os detalhes miúdos — o jeito de rir, uma frase qualquer — e esquecemos o instante exato em que tudo começou a ruir. 
No fundo, cada afastamento é um lembrete: encontros humanos são frágeis, costurados por linhas invisíveis que se desfazem sem aviso.
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