OPINIÃO: O VAZIO QUE NOS ABANDONA

Para lhe fazer um pouco de companhia, esta Coluna de Opinião aborda os questionamentos acerca da sensação de vazio que o ser humano costuma ter em determinadas ocasiões (Foto de Andre T para Pexels)



AVISO AOS LEITORES: ao contrário de nossas reportagens, a Coluna de Opinião traz, como o próprio nome já diz, a opinião de quem a escreve sobre fatos concretizados, não representando necessariamente um posicionamento oficial do Podcast Cafezinho com William Lourenço, enquanto veículo de imprensa (emitido somente por meio de nossos Comunicados Oficiais e Editoriais).

Por João Gabriel Silva

Alguma vez sentiu que, apesar de estar rodeado de pessoas, o seu coração permanecia vazio? A raiz desse vazio pode estar mais perto da infância do que imagina. 
Há pais que, embora estejam fisicamente presentes na vida dos filhos, se mostram emocionalmente ausentes. Nesses casos, eles não oferecem algo essencial de que seus descendentes necessitam: o afeto. A ausência de um olhar atento e de gestos de carinho faz a criança sentir a falta de uma âncora emocional. Com isso, o indivíduo sente-se isolado — uma sensação que pode ecoar ao longo de toda a vida. 
Desde cedo, o ser humano precisa de referências que transmitam segurança, para que aprenda a reconhecer-se como digno de amor e proteção. Sem essa validação, a criança tende a crescer insegura, e essa insegurança estende-se para as relações futuras. 
A falta de afeto dos genitores manifesta-se de várias formas: baixa autoestima, necessidade constante de autoafirmação, dependência emocional e relações disfuncionais, entre outras. Ao perceber a ausência de afeto incondicional por parte dos pais, a criança é levada a acreditar que não merece carinho, atenção ou amor. Consequentemente, internaliza a ideia de ser menos importante do que os outros. 
Na vida adulta, essa carência reflete-se no desejo intenso de ser amada, admirada e aceita por pessoas próximas, numa tentativa de preencher o vazio afetivo vivido na infância. Para alcançar esse objetivo, o indivíduo pode recorrer a diversas estratégias — desde imitar comportamentos socialmente valorizados até adotar atitudes autodestrutivas, como mentir, enganar, manipular ou usar pessoas que não correspondem diretamente ao seu desejo de admiração. 
Frequentemente, pessoas que sofreram esse tipo de abandono afetivo procuram manter-se próximas de quem, em algum momento, lhes ofereceu alguma forma de afeto, mesmo que a relação não tenha sido saudável. 
Por exemplo, é comum que indivíduos com este histórico se envolva em relações tóxicas ou se inviabilize a si e a seus desejos somente para não se sentir só novamente, pode acontecer de ficar pulando de relação frequentemente, isto é, buscar em braços diferentes o afeto que faltou, contudo, a instabilidade e a perda de identidade são uma constante que segue essas pessoas. 
O medo de não sermos amados ecoa como um trovão em uma tempestade de pensamentos. Contudo, como me disse uma pessoa: “você nunca vai realmente conseguir o afeto da pessoa que você tanto quer, isso é como correr atrás do próprio rabo”. Talvez ela esteja certa e procurar a admiração de outrem seja somente o reflexo da autoadmiração que lhe falta. 
Afinal, nunca lhe deram isso.
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