OPINIÃO: PARTINDO AO ENCONTRO DE SI MESMO

A mais nova Coluna de Opinião do Podcast Cafezinho falará sobre o eterno dilema humano de buscar ganhar o mundo sem se perder, mas por uma perspectiva psicológica (Foto de cottonbro studio para Pexels)


AVISO AOS LEITORES: ao contrário de nossas reportagens, a Coluna de Opinião traz, como o próprio nome já diz, a opinião de quem a escreve sobre fatos concretizados, não representando necessariamente um posicionamento oficial do Podcast Cafezinho com William Lourenço, enquanto veículo de imprensa (emitido somente por meio de nossos Comunicados Oficiais e Editoriais).

Por João Gabriel Silva

Passamos muito tempo vivendo em nome das expectativas dos outros, muitas vezes abandonando nossa própria perspectiva de vida, na busca por agradar, ser amado, escapar da solidão, porém tudo tem um preço. O custo de ignorar a si mesmo é a desconexão da própria essência: isto é, um afastamento silencioso que, com o tempo, pode se manifestar em angústia, ansiedade e até sintomas físicos e emocionais que te levarão a contemplar um abismo profundo. 
A dor na alma fala o que a boca silencia. Na perspectiva psicológica, principalmente na abordagem humanista, esse distanciamento é visto como um rompimento com o “self autêntico”: aquela parte de nós que sabe quem somos, o que sentimos e o que genuinamente desejamos. Ao vivermos segundo o olhar externo, acabamos construindo um "self robotizado", moldado para atender às exigências sociais e familiares, que não representa nossa verdade interior, mas sim nossa busca por companhia e o medo da solidão. 
O processo de reencontro consigo mesmo exige consciência e enfrentamento, envolve reconhecer que muitas escolhas foram feitas a partir do medo do abandono, da rejeição, da não validação, mas também significa abrir espaço para a autonomia emocional, para o autorrespeito e, sobretudo, para a responsabilidade sobre a própria existência, pois está nas suas mãos mesmo que não percebamos. 
Na psicologia existencial, a liberdade de escolher quem se é vem acompanhada de angústia, pois pressupõe abandonar certezas e assumir riscos, se lançar rumo ao desconhecido, uma vez que você é livre para viver. Contudo, é justamente nesse território de incerteza que se dá o crescimento. 
Quando paramos de buscar fora aquilo que só pode ser encontrado dentro, iniciamos um verdadeiro processo terapêutico: isto é, de individuação, como diria Jung. 
Partir ao encontro de si mesmo é, portanto, mais do que um movimento simbólico. É uma travessia real, é o viver verdadeiramente a sua jornada. Seja você herói ou vilão, é onde vamos desmontando máscaras, enfrentando dores antigas ou novas e integrando partes esquecidas de nós. 
Nesse percurso, muitas vezes com ajuda psicoterapêutica, aprendemos que não somos definidos pelo olhar do outro, mas pela forma como nos percebemos, nos acolhemos e escolhemos nos construir a cada dia.
A solidão é temida, mas não é o fim da vida. Mesmo na mais profunda escuridão, há espaço para alguma fresta de luz. Perder a si mesmo para se encaixar na vida de outrem por medo de viver sozinho é desperdiçar a oportunidade de viver.
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